Eu estava na minha locadora predileta, no início da semana, carregando comigo um livro do Carl G. Jung, quando um desconhecido que notou meu objeto de leitura, chamou-me atenção para o filme "Um Método Perigoso".
Ele assistira uma exibição da película ano passado, no Festival de Cinema do Rio, e achou a obra excelente. O filme entrou em cartaz, coincidentemente, neste fim-de-semana. O dono da locadora, outro cinéfilo, indicou-me uma referência cinematográfica sobre o tema, que acabei alugando.
Ele assistira uma exibição da película ano passado, no Festival de Cinema do Rio, e achou a obra excelente. O filme entrou em cartaz, coincidentemente, neste fim-de-semana. O dono da locadora, outro cinéfilo, indicou-me uma referência cinematográfica sobre o tema, que acabei alugando.
Acabei de assistir A Jornada da Alma do diretor italiano Roberto Faenza. O filme é baseado no livro Um método muito perigoso: Jung, Freud e Sabina Spielrein – a história ignorada dos primeiros anos de psicanálise, de John Kerr. Trata-se de uma produção de 2003 que conta a história de Sabina Spielrein (interpretada por Emília Fox, de "O Pianista"), focando a sua vida a partir do início do seu tratamento em 1905, numa clínica em Zurique, pelo então jovem Carl Gustav Jung (Ian Glen), por quem se apaixona. O ponto de vista aqui é o da própria Sabina, que escreveu suas experiências em um diário, descoberto em 1977. Nessa película, o relacionamento entre ela e Jung, após a recuperação da histeria dela, tem um enfoque bastante romântico e, por isso, a narrativa não suscita as questões éticas do relacionamento médico/paciente com profundidade, ou mesmo os métodos de tratamento analítico do discípulo de Freud. As implicações desse romance no trabalho e no relacionamento dos dois analistas também não fica claro. O que pode decepcionar o público mais acadêmico. O próprio Freud aparece na narrativa somente através de citações e como fonte de conselhos, com o qual Yung se corresponde por cartas.
O importante aqui, portanto, é resgatar a história de Sabina (uma das primeiras pacientes de Jung e, mais tarde, discípula) cuja existência deixou seu impacto na vida dos pais da psicanálise, e a sua obra. Ela casou e fundou, em 1923, uma instituição chamada Creche Branca em Moscou (que ficou assim conhecida por ter todos os seus móveis e paredes pintados de branco), onde tratava crianças, inclusive aquelas com transtornos psíquicos, utilizando os métodos liberalistas que aprendera com o seu médico e ex-amante. O local foi fechado três anos depois pelas autoridades russas, sob a acusação de que tais métodos não eram de agrado do governo stalinista. O curioso é que o próprio Stalin matriculara um filho seu na instituição, com nome falso, como se soube mais tarde.
Sabina Spielrein era de origem judia, e foi assassinada, em 1942, por soldados nazistas na mesma cidade onde nasceu. Suas duas filhas também foram vitimadas com ela, e tudo o que nos restou da sua existência está anotado no seu diário.
Agora, depois de todas as boas indicações e dessa introdução, aumenta ainda mais o meu desejo de conferir Um Método Perigoso, de David Cronenberg.
Agora, depois de todas as boas indicações e dessa introdução, aumenta ainda mais o meu desejo de conferir Um Método Perigoso, de David Cronenberg.