terça-feira, 26 de julho de 2011

Amanhã

Sabe aqueles dias em que tudo parece ter falhado? Aqueles momentos nos quais, à noite após um balanço, a gente pensa: "Hoje eu não deveria nem ter levantado da cama."? Pois é, há dias assim. Foi pensando nisso, e por que levantei da cama hoje, que acabei procurando e encontrando na internet o vídeo de uma canção do Guilherme Arantes que sempre me ajudou a cortar o mal pela raiz. 


Nos difíceis dias da minha juventude eu costumava subir no telhado de casa à noite (meu antigo sanctum sanctorum) e cantarolar essa canção para as estrelas, preconizando o dia seguinte. Aliviava assim os problemas referentes ao trabalho, as derrotas temporárias, as decepções amorosas... Hoje, nostálgico, aproveitei que só tinha meu filho em casa e soltei a minha voz. Podia ter postado o áudio da minha performance aqui também, mas a experiência poderia ser chocante demais para ouvidos sensíveis.
Agora mais leve, vou dormir em paz.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Reflexões de ser

Irrompeu no mundo como consequência
Não como se para trazer ordem.
Tampouco para o caos e a confusão.
Inerente, pulsante vida
Insuflada de aspiração,
Determinação,
Construção, identidade.

De remota época, dali jamais se apartara
A busca de ideais.
Contudo, inconsequente,
Assim não se daria.
Pois assumida a vida
Embaraçada nos seus cuidados
De pragmática atitude e disposição
Outrora é inapropriado.

Alma,
Podeis permanecer envolta em névoa
Esconder-se como amaldiçoada.
Inacessivel,
Senão por vislumbre,
Sombra, sonho, fantasia.
Pois que, sob a forma deste mundo,
Parece a si que desajeita, desconstrói, deforma.
Não parece dispor ordem, pensais.
Porque já não sabe se desvirtua, detendo o ensino
Ou confunde, evitando o despertar.

Morte,
como se haverá de negar teu sorriso infame?
Para onde a existência? Pergunta-se.
Com que fm?
Não! Basta agora.
Tudo, menos a dor e a escuridão.
Qualquer coisa, menos a tristeza.
É necessário navegar no mar de incertezas.
Um novo e imaculado dia urge.

domingo, 17 de julho de 2011

Carros 2

Os famosos personagens motorizados estão de volta na nova animação da Pixar, Carros 2. Seu lançamento se dá cinco anos após o seu antecessor de 2006. O roteiro acompanha essa cronologia mas muda a receita e envolve o público numa aventura de muita ação e mistério.
Há um certo estranhamento logo na abertura, onde acompanhamos um novo personagem, o espião Finn McMíssil na iminência de uma grande descoberta num complexo de estações petrolíferas em meio a um mar tempestuoso e turbulento. Nesse instante, ele é descoberto pelos vilões e protagoniza uma fuga espetacular no melhor estilo James Bond. Aliás, esse estilo de filmes de espionagem é que vai dar o tom da narrativa.

Após a lograda tentativa de eliminar o agente e uma sugestiva frase do líder dos capangas, chamado Professor Z, estamos de volta à velha Radiator Springs onde encontramos o reboque caipira Mate, alucinado, depois de perceber que seu melhor amigo, Relâmpago McQueen, está de volta à pequena cidade para gozar merecidas férias após a temporada de corridas. Na calorosa recepção reencontramos todos os personagens da primeira aventura e as cenas seguintes relembram episódios hilários da história anterior, sendo muito mais divertidas para quem assistiu o primeiro filme. Há inclusive uma menção honrosa ao Hudson Hornet, o velho 'Doc', corredor aposentado e mentor no primeiro longa.

Mas não será agora que Relâmpago MacQueen gozará de descanso. Em uma sequência hilária ele acaba aceitando o desafio de disputar o Grand Prix Mundial, cujo prêmio será competido por campeões do mundo todo, os carros mais velozes do mundo. O campeonato é patrocinado pelo magnata Miles Eixodaroda para comprovar a eficácia de seu novo combustível, o Allinol, ecologicamente correto e que susbstituirá os combustíveis derivados do petróleo. Todos o corredores irão utilizá-lo  nas corridas que se darão em vários países. Só que dessa vez McQueen resolve levar consigo seu amigo Mate. E é aqui que está a grande sacada dessa sequência. As constrangedoras trapalhadas do ingênuo Mate, que se tornam uma grande dor de cabeça para o Relâmpago, são divertidíssimas.

Assim, o principal protagonista de Carros 2 não é o Relâmpago McQueen, mas o velho reboque Mate. O que achei uma jogada arriscada da produção, por causa do apego da criançada ao herói turbinado - levei meu filho ao cinema para assitir e de vez em quando ele me perguntava: "Cadê o Relâmpago MacQueen?". Bem, ele é importante para a trama, mas fica em segundo plano. Mas os roteiristas (Ben Queen, John Lasseter, que também é o diretor, Brad Lewis e Dan Fogelman) sabem o que fazem.


No primeiro longa o argumento era a transformação do playboy autosuficiente e ambicioso em um personagem com sentimentos, que passou a reconhecer a necessidade da amizade e encontrou a beleza nas coisas simples da vida. Houve romance e uma clara transmissão de valores que acabaram resultando numa narrativa madura, mais voltada para o público adulto. O arco da história de McQuenn era uma reflexão da própria vida pregressa do diretor John Lasseter como um workaholic que não dava devida atenção ao convívio familiar. 

A história aqui, não é de transformação, mas de confimação. Portanto, Carros 2 é mais descolado. Os valores morais estão lá também, mas não escancarados como no primeiro. A preocupação aqui é entreter de forma descompromissada a criançada. A escolha de Mate como personagem central é perfeita já que o próprio era responsável pelas sequências mais engraçadas do primeiro. Nessa aventura, todo o seu potencial é explorado. Principalmente a partir do momento em que ele se envolve acidentalmente na conspiração internacional e acaba sendo confundido com um agente secreto americano. Alías, a sequência que envolve Mate nesse imbróglio, que se dá num banheiro japonês enquanto ele está às voltas com uma parafernália eletrônica, é divertidíssima. Depois da confusão a gente acaba se perguntando quem é mais ingênuo, o caipira Mate ou os inteligentes agentes Finn McMíssil e a bela  Holley Caixadebrita que enxergam na sua carroceria enferrujada, no seu sotaque e no seu jeito, o disfarce perfeito de um agente veterano. Daí por diante a aventura de espionagem é uma verdadeira corrida - literalmente - para descobrir quem está por trás da sabotagem dos competidores e por quê.

A reprodução das cidades que dão cenário às corridas de rua e perseguições da película foram o principal desafio dessa sequência, em termos técnicos. A primeira versão de Carros foi ambientada em uma cidade fictícia do deserto estadunidense. Agora, a ação se dá nas ruas de Tóquio, Porto Corsa, na Itália e em Londres. Essa variedade de paisagens conhecidas provou-se um desafio para a equipe técnica que também foi responsável pela Paris da animação Ratatouille, de 2007. Cada prédio foi construído digitalmente pelo sofware CityEngine, planejado para construir ambientes urbanos em 3D, tornando Carros 2 a maior produção da Pixar em termos de cenários.

Carros 2 acerta na trama ágil e divertida, na escolha de Mate como personagem central e possui um apuro gráfico de encher os olhos! Os novos personagens estão bem introduzidos (o engraçado carro italiano de fórmula 1 Francesco, é o desafiante do McQueen da vez), os elementos que compõe a narrativa e as locações em outros países ampliam ainda mais o seu universo. Pena que não deu para assistir em 3D.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Variação

Vaga o vento
Afora o tempo
De onde, não sei
Em liberdade com si só
Enlevado segue.

Suave, quase um cicio
Em brisa delicada
Acaricia os fios.
Baforada íntima
No rosto,
o arrebatamento.

Vai-se num repente
Tormenta e confusão
Externam dela
Multiforme.
Depois, calmaria.

Calor e frio,
Nem mais nem menos
Para onde segue
Não se sabe
Sujeita-se.
Mas se pudesse optar
Aqueceria a própria vida.