Existem pessoas que parecem não ter tido infância. Eu procuro refrescar a memória com a minha freqüentemente. Minhas lembranças da tenra idade pululam quando me sinto afetado por notícias como a filmagem de um novo episódio de Indiana Jones ou, mais recentemente, a nova versão de Jornada nas Estrelas para o cinema. Na verdade, desde criança, sempre tive uma inclinação para o que hoje chamamos de cultura pop.
Lembro da primeira vez que fui ao cinema, levado pelo meu irmão mais velho, para assistir Superman – O Filme. Não demorou muito tempo para que, posteriormente, eu aparecesse com um “S” estampado no peito e uma capa - qualquer pedaço de pano servia, pois pra mim não fazia diferença- tentando voar por ai, sem sucesso. Qual será o marmanjo que, na sua infância, não fez isso? Aposto, contudo, que nem todos tentaram fazê-lo com a elegância do Cristopher Reeve.
Quando o Império Contra-Ataca, o segundo episódio de Guerra nas Estrelas (que na verdade é o quinto) foi exibido nos cinemas, mais uma vez ali estava eu, em companhia do meu bendito irmão mais velho. A jornada de Luke Skywalker para aprender a arte Jedi não passou despercebida e também pensei ter aprendido algumas coisas com o mestre Yoda. Resolvi então transmitir para meus coleguinhas. Formei um grupinho de discípulos e, por mais que tentássemos utilizar a ”força”, não conseguíamos mover um grão de areia sequer. Quem viu Yoda tirar um X-Wing submerso do pântano, vai entender o que eu digo. Mas ao menos, tivemos nossos sabres de luz que, estranhamente, pareciam cabos de vassoura para os adultos.
Também peguei fila para assistir E.T. O Extraterrestre, mas não chorei no final. Mais tarde, fiz um E.T. com um pote de Danoninho, afinal de contas, o pote era o formato do corpo dele, ou quase. Só faltavam a cabeça e os pés, já que o E.T. quase não tinha pernas.
Isso me leva a pensar em como o mundo imaginário recriado nos filmes podem incentivar a criatividade. Seriados como Buck Rogers, Galáctica, Jornadas nas Estrelas – que eu assistia, mas não entendia nada- me levaram a montar miniaturas de espaçonaves. Trambolhões que na minha mente de criança eram parecidas com as originais. Mas havia pequenos detalhes nelas que eram, digamos, essenciais. Esses não podiam faltar. A estranha forma da Millennium Falcon ou o formato de prato duralex onde ficava a ponte de comando da Enterprise. Além das miniaturas, cockipts de naves espaciais em tamanho real, tinham direito a cadeiras para navegadores de bordo e tudo.
Aliás, falar em pratos me faz lembrar uma promoção feita pelo Claybom Cremoso - a margarina da menininha do “Nhac!” - que trocava um prato branco de vidro por certa quantidade (o número não lembro) de tampas dos potes. No meu bairro foi uma febre. A garotada revirava o lixo atrás das tais tampas. Eu, como grande conhecedor dos principais lixões da minha rua, não fiquei de fora. Minha mãe, que não sabia de onde saiam tantas tampas de claybom, ficava com o sorriso estampado no rosto. Mas essa história fica para outro post.