
Vivemos em um mundo agitado. Tendenciosamente apelativo, o contexto do mundo em que vivemos é capaz de nos levar gradativamente para longe das coisas essencialmente importantes, se não estivermos em constante vigilância. Podemos afirmar que o sistema ao nosso redor procura incessantemente fazer-nos esquecer que existe um Deus que nos ama e se preocupa conosco. Distancia-nos das belezas admiráveis de um mundo que nos rodeia a todo o tempo, procurando incansávelmente chamar a atenção. Como pontuou o meu vizinho numa breve conversa quando voltávamos do trabalho: “Quando era menino, subia no telhado de casa para ficar admirando noites como essa.”- disse, fitando a lua cheia despontando no horizonte. Concordei, pensando que até alguns anos atrás fazia o mesmo. Mas agora, atolado de trabalho e responsabilidades havia perdido o hábito completamente.
Imagino que experiências simples como apreciar a Via-Láctea estendendo seu manto no céu sem lua, o planar de um gavião na paisagem ou a intrincada teia de galhos das copas das árvores, fazem parte de um momento efêmero na vida da maioria das pessoas, graças ao patrocínio de um cotidiano nervoso e agitado. Com urgências que nunca terminam e uma profusão interminável, onde quase tudo tem vida curta e a atualização e o ritmo não param. De fato, numa sociedade cada vez mais exigente e doadora de desejáveis confortos promovidos pela sofisticação, o comodismo chega por osmose. O que se ganha, na verdade, não se compara com o que se perde e os excessos destituem a vida de sentido. A mente desprovida de profunda reflexão no universo e na sabedoria natural distancia o homem de Deus e de seu semelhante.
Aqueles que apenas empanzinam seu ego possuem vidas que começam e terminam em si mesmos. Parecem se esquecer do sentido de sua existência, envoltos em suas casas bem aconchegantes, seus automóveis e aparelhos sofisticados. Cercados de todo o conforto em um ambiente personalizável. Bem parecidos com aquele homem rico, parafraseado por Brenan Manning, “que teve uma colheita de altíssima produtividade e fez provisões para uma ainda maior no ano seguinte. Ele disse a si mesmo: “Rapaz, você é um cara fantástico. Trabalhou duro, fez por merecer tudo o que veio até você e encheu sua cesta de ovos para o futuro. Agora, pegue, coma à vontade, beba até cair e aproveite a vida”. Naquela mesma noite, Deus abalou o senso de segurança dele: “Tolo! Esta mesma noite a sua alma será exigida de você; e todo esse seu patrimônio, quem desfrutará dele agora?””.
Olhar para a grandiosidade da criação é desconcertante, leva-nos a olhar atenciosamente para nós mesmos e a levantar as mesmas perguntas. Qual será a razão de tudo isso? Qual é o sentido da vida?
Se Deus existe, Ele nos chama para uma vida plena onde a razão da nossa existência se encontra Nele. Portanto, voltando-nos para o Criador de todas as coisas descobrimos que podemos escolher muitas coisas na vida: carreira, cônjuge, passatempos, entre outras. Contudo, não podemos escolher nosso propósito, a razão de existirmos.
O propósito da nossa vida cabe num outro propósito muito maior que Deus planejou para a eternidade. É isso o que devemos buscar. É o que descubro ao contemplar a imensidão do cosmos. Diferentemente do que podem expressar alguns pensadores, encontro a minha importância quando me deparo com minha aparente insignificância, pois posso admirar um universo que parece existir para causar uma mistura de prazer, respeito e estupefação em mim.
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