domingo, 15 de maio de 2011

Enfim, fui assistir Thor, O Deus do Trovão

  Desde os tempos de criança Thor sempre foi um dos meus heróis preferidos. O cara andava metido em sua pomposa armadura de capa vermelha, munido de um martelo mágico chamado Mjolnir (que ninguém era capaz de empunhar a não ser ele ), invocava tempestades em seu auxílio e, de quebra, era um deus amigo dos mortais. Não podia deixar de admirá-lo. Havia toda aquela mitologia nórdica e aquela linguagem antiquada dos deuses e criaturas de nomes estranhos que não me intimidavam e, ao contrário, foram abrindo caminho para leituras posteriores que aumentaram demasiadamente meu interesse por literatura fantástica numa época onde eu só lia gibis.
  Quando soube que Thor seria adaptado para os cinemas recebi a notícia com expectativa maior do que a de qualquer outro super-herói que já tinha virado filme, da Marvel Comics ou da DC Comics. Após o gratificante resultado dos longas de Homem de Ferro e O Incrível Hulk, eu esperava o melhor de Thor, já que a própria Marvel Studios vem produzindo os filmes dos seus personagens - pelo menos daqueles cujos direitos não foram vendidos para outros estúdios - permitindo que os heróis atuem num mesmo universo, semelhante ao que acontece nos quadrinhos. Encontramos referências do Capitão América no Homem de Ferro 2, Tony Stark dá o ar de sua graça no Incrível Hulk e os agentes da SHIELD, a misteriosa organização que amarra os filmes, preparam a chegada para Os Vingadores (outra carta na manga da Marvel). O fato de se manter o mais fiel possível ao que os fãs acompanham nos quadrinhos e o roteiros bem amarrados dos filmes, que funcionam tão bem na telona quanto nas HQs (faltando só as onomatopeias), geram o sucesso de franquias com muita coisa para explorar. E o fantasioso universo de Thor, criado por Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby em 1962, possui aventuras de proporções épicas.
  Não foi sem razão que fui para o cinema na maior expectativa. Nem fiz questão de assistir em 3D, porque a produção não foi capturada com essa tecnologia e só entrou nessa onda na pós-produção. Esse processo não gera bons resultados e ainda pode estragar bons momentos da película (muita gente reclamou do 3D distorcido em Fúria de Titãs e agradeceu a Warner Bros. por não converter o último Harry Porter para o formato).
  A narrativa começa mostrando o primeiro contado entre os asgardianos (que vivem em outra dimensão) e os seres-humanos que os tomaram por deuses, surgindo assim, a mitologia nórdica. Relata em seguida um conflito ancestral de Asgard contra o reino dos Gigantes de Gelo, que vai ser o estopim da trama. Depois, somos rapidamente apresentados ao príncipe Thor (Chris Hemsworth), um líder guerreiro, impulsivo e vaidoso. O que é uma preocupação para seu pai Odin (Anthony Hopkins), que percebe que seu filho preferido não possui os atributos necessários para precedê-lo no trono.


  Após a frustrada invasão do palácio feita pelos Gigantes de Gelo que tentavam roubar um artefato de poder, Thor é motivado por seu irmão Loki (Tom Hiddleston) a liderar um grupo de amigos guerreiros para confrontar o inimigo, desprezando as ordens de seu pai. A demonstração da arrogância de Thor resulta na maior pancadaria contra o exército dos Gigantes de Gelo , quebrando uma já tênue trégua entre os reinos. Aliás, essa sequência é para mim uma das melhores de todos os tempos. Por desobedecer seu pai Thor tem seus poderes revogados e é banido para Terra, onde é encontrado por um pequeno grupo de cientistas.

   Mas é aqui que o roteiro peca, pois fica sem profundidade. Não temos tempo de conhecer aquele grupo comandado pela doutora Jane Foster (Natalie Portman), o que faz os personagens ficarem meio deslocados e não permite que nos apeguemos a eles. Talvez por isso fica difícil engolir a transformação do herói em sua estada na Terra e o surgimento rápido de amor por Jane. Os diálogos também não ajudam muito e parecem 'amarradinhos' demais, chegando a incomodar. O mesmo acontece com o grupo de guerreiros amigos de Thor enquanto permanecem em Asgard e acompanham a traição e ascensão de Loki, o verdadeiro inimigo. Sobra pouco tempo para conhecê-los e por isso não existe espaço para dramatizações. Embora exista um momento emocionante: Quando Thor recebe seus poderes de volta empunhando o poderoso martelo Mjolnir.
  O duelo entre Thor e o Destruidor é bom e chega a entusiasmar mas podia ter sido bem melhor. Tudo acontece rápido demais e o final apoteótico não é tão impressionante como a primeira sequência de ação da película, que para mim, vale pelo o filme inteiro.
  No final, ficou a sensação de que faltou alguma coisa. Pareceu-me uma daquelas publicações de capa dura, encadernação e impressão luxuosas e arte impecável mas com um roteiro fraco. Não que devesse impressionar, ficou no nível do filmes já citados da Marvel Studios, mas não é o melhor. Valeu o ingresso e fica aqui a recomendação.
  A próxima aposta da Marvel é o filme Capitão América – O Primeiro Vingador, aguardado ansiosamente pelos fãs. Entra em circuito no dia 29 de julho aqui no Brasil.

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